Astrônomos que estão realizando um importante estudo de uma galáxia próxima, descobriram um campo magnético em volta dos principais braços espirais da galáxia.
Eles disseram que a descoberta pode ajudar a explicar como os braços espirais são formados. O mesmo estudo também mostra como o gás pode ser dirigido para dentro da galáxia, em direção ao centro, que possivelmente abriga um buraco negro.
"Este estudo ajuda a resolver algumas questões importantes sobre como as galáxias se formam e evoluem," disse Rainer Beck, um cientista do Instituto Max-Planck de radioastronomia, em Bonn, Alemanha.
Os cientistas estudaram uma galáxia espiral chamada IC 342 (cerca de 10 milhões de anos-luz da terra), usando o observatório de radioastronomia Very Large Array (VLA da Fundação Nacional de Ciência) e 100 metros de radiotelescópio. Dados de ambos os telescópios de rádio foram incorporados para revelar as estruturas magnéticas da galáxia.
O resultado surpreendente mostrou um enorme laço envolvido no principal braço espiral da galáxia. Esta característica, nunca antes visto em uma galáxia, é forte o suficiente para afetar o fluxo de gás em torno dos braços espirais.
"Braços espirais dificilmente podem ser formados somente por forças gravitacionais", disse Beck. "Esta nova imagem da IC 342 indica que os campos magnéticos também possuem um papel importante na formação de braços espirais".
As novas observações forneceram pistas importantes para outro aspecto da galáxia, uma região central brilhante que pode hospedar um buraco negro e até mesmo produzir novas estrelas. Para manter o alto nível de produção de estrelas, é necessário haver um fluxo constante de gás das regiões exteriores da galáxia em seu centro.
"As linhas do campo magnético na parte interna da galáxia que apontam em direção ao centro, poderiam dar um aperfeiçoamento do fluxo de gás", disse Beck.
Os cientistas mapearam as estruturas do campo magnético da galáxia, medindo a orientação, ou polarização, das ondas de rádio emitidas pela galáxia. A orientação das ondas de rádio é perpendicular ao do campo magnético. Graças às observações em vários comprimentos de onda, foi possível corrigir a rotação do plano de polarização das ondas, causadas por sua passagem pelos campos magnéticos interestelares ao longo da linha de visão para a terra.
A alta resolução do VLA, por outro lado, revelou mais detalhes da galáxia. A imagem final, mostrando o campo magnético, foi produzida através da combinação de cinco imagens feitas com 24 horas de observação, juntamente com 30 horas de dados do Effelsberg (telescópio de radioastronomia).
Os cientistas, incluindo Beck, foram os primeiros a detectar emissões de rádio polarizado em galáxias, começando com as observações do Effelsberg da galáxia de Andrômeda, em 1978. Outra cientista, Marita Krause, fez a primeira detecção com o VLA em 1989, com observações que incluía IC 342, que é a terceira galáxia espiral mais próxima à Terra, após a galáxia de Andrômeda (M31) e a galáxia do Triângulo (M33).